Reabilitação Intestinal
O que é Reabilitação Intestinal?
A Reabilitação Intestinal é o tratamento mais eficaz para pacientes com Síndrome do Intestino Curto e falência intestinal, envolvendo uma abordagem multifacetada que inclui terapia nutricional, medicamentos, cirurgias especializadas e cuidados multiprofissionais. O principal objetivo desse tratamento é alcançar a independência total do paciente em relação à nutrição parenteral.
Antigamente, muitos pacientes com intestino curto precisavam de transplante de intestino. No entanto, graças aos avanços no tratamento clínico e cirúrgico, a maioria das crianças e adultos agora pode evitar o transplante, alcançando resultados positivos por meio da reabilitação intestinal. Esse sucesso é especialmente elevado quando o tratamento é conduzido por uma equipe especializada em reabilitação intestinal.
De maneira geral, crianças e adultos com falência intestinal podem se beneficiar da reabilitação intestinal. Em relação à síndrome do intestino curto, os diagnósticos mais comuns são:
Atresia intestinal
Enterocolite
Gastrosquise
Volvo intestinal
Intussuscepção
Doença inflamatória intestinal
Isquemia mesentérica / infarto mesentérico
Fístula enterocutânea
Trombose mesentérica
Complicações pós-operatroais de cirurgias abdominais
Trauma abdominal
Pacientes com outras doenças que causam falência intestinal, como pseudo-obstrução intestinal e doença de inclusão de microvilosidades também são candidatos a reabilitação intestinal. Apesar de em algumas condições não ser possível retirar completamente a nutrição parenteral, a qualidade de vida pode melhorar significativamente com o tratamento.
A reabilitação intestinal é um tratamento totalmente personalizado e individualizado. A equipe do IARI – Instituto Avançado de Reabilitação Intestinal, incluindo médicos, enfermeiras e nutricionistas, faz um planejamento sob medida, levando em consideração:
A idade do paciente
A doença ou condição que causou a falência intestinal
A quantidade de intestino que permaneceu com o paciente
O tipo de intestino que permaneceu com o paciente (jejuno, íleo, válvula ileocecal, cólon completo ou não)
A presença ou não de ostomias e o tipo de anastomose intestinal realizada anteriormente
A presença ou não de doença no fígado
Número de tromboses venosas em relação aos acessos utilizados para nutrição parenteral
Doenças associadas ao quadro do paciente
A terapia nutricional é parte fundamental da reabilitação intestinal. No IARI, um grupo formado por médicos e nutricionistas especializadas trabalham em conjunto com enfermeiras e farmacêuticos para que a terapia nutricional seja realmente sob medida, de acordo com as necessidades do paciente e do seu momento de tratamento. Este tratamento totalmente personalizado é realizado no hospital, no tratamento domiciliar e nas consultas de acompanhamento, e ajustado constantemente. A terapia nutricional inclui:
Dieta oral: orientação quanto a ajustes na qualidade e quantidade de alimentos e líquidos ingeridos
Dieta enteral: escolha de fórmulas, via de administração, quantidade e velocidade de progressão
Controle de fluídos, eletrólitos, balanço hidroeletrolítico e equilíbrio ácido-base
Reposição personalizada de fluídos endovenosos
Nutrição parenteral total
Muitos pacientes no início do tratamento não conseguirão se alimentar totalmente por via oral ou mesmo por gastrostomia ou sonda. Nesta situação, uma dieta infundida diretamente na veia (nutrição parenteral) é capaz de manter o paciente nutrido, enquanto seu intestino se adapta e se prepara para receber alimentos no futuro. Entretanto, a nutrição parenteral não é livre de riscos, sendo muito importante que seja prescrita e acompanhada por um time de especialistas na área de falência intestinal. Da mesma forma, a manutenção dos acessos venosos é fundamental para o sucesso do tratamento a longo prazo.
Durante a reabilitação intestinal, alguns pacientes precisarão de tratamento cirúrgico para que a adaptação intestinal seja favorecida. Os procedimentos cirúrgicos mais comumente empregados são:
Tratamento cirúrgico de fístulas enterocutâneas ou atmosféricas
Tratamento cirúrgico de dilatação intestinal, como no procedimento de tapering
Cirurgias de alongamento intestinal, como o STEP (enteroplastia transversal seriada), que trata também a dilatação intestinal
Reconstrução de trânsito intestinal, ou reversão de ileostomia / colostomia
Tratamento cirúrgico de estenoses (plastia de estenoses)
Em todas estas cirurgias, o objetivo é otimizar a função de absorção do intestino, que pode ser prejudicada por fatores como a presença de ostomias, fístulas, dilatações intestinais e redução de peristaltismo. A equipe de cirurgiões do IARI tem experiência em casos cirúrgicos de alta complexidade, tanto em crianças quanto em adultos.
O tratamento com medicamentos, associado ou não ao tratamento cirúrgico, é fundamental na reabilitação intestinal. Ele pode ser utilizado para controle de sintomas e também para o tratamento de condições específicas, como no controle do supercrescimento bacteriano do intestino delgado. Em outras situações, o tratamento com medicamentos pode auxiliar na absorção intestinal, sendo utilizados desde medicamentos que fazem com que o alimento fique mais tempo em contato com a área de absorção do intestino até enterohormônios, que auxiliam na adaptação intestinal.
A maior parte dos pacientes com a síndrome do intestino curto ou falência intestinal se beneficiará da reabilitação intestinal, que é o tratamento de escolha nestas situações. Entretanto, entre 15 a 20% dos pacientes poderão precisar de um transplante de intestino ou multivisceral, sendo que para esta indicação, os seguintes fatores serão levados em consideração:
Número de tromboses venosas em acessos utilizados para nutrição parenteral: a perda progressiva de acessos venosos é uma das indicações do transplante de intestino ou multivisceral, uma vez que pode limitar o tratamento com a nutrição parenteral domiciliar
Doença hepática irreversível: o tratamento precoce com uma equipe especializada em reabilitação intestinal geralmente é eficaz na prevenção ou reversão da doença hepática associada a falência intestinal, ou IFALD em inglês. Mesmo assim, alguns pacientes podem desenvolver doença hepática grave e irreversível, sendo tratada apenas com transplante
Infecções graves e recorrentes, distúrbios metabólicos de difícil controle e perda significativa da qualidade de vida: nestas situações, o transplante também poderá ser considerado, sendo a causa da indicação individualizada para que haja um benefício real com a indicação deste tipo de tratamento
A equipe do IARI – Instituto Avançado de Reabilitação Intestinal, é composta por profissionais totalmente dedicados ao tratamento da falência intestinal e da síndrome do intestino curto. Este tipo de dedicação faz toda a diferença no tratamento, já que quando se trata de doença rara (como é a falência intestinal e a síndrome do intestino curto), a experiência da equipe é um fator decisivo no sucesso do tratamento. Por atuar em dois centros de excelência no tratamento da síndrome do intestino curto, a equipe do IARI é referência nacional no tratamento de crianças e adultos com esta condição, entregando um tratamento de excelência que inclui a reabilitação intestinal hospitalar, a nutrição parenteral domiciliar, cirurgias de alta complexidade e até o transplante de intestino ou multivisceral em casos selecionados.
Jackeline Brufato
Dra. Karina Roda Vincenzi
Gastroenterologista pediátrica