O uso de nutrição parenteral nos pacientes com falência intestinal pode causar doenças no fígado?
Essa é uma pergunta importante, especialmente para aqueles que estão enfrentando os desafios da síndrome do intestino curto e da falência intestinal. O desenvolvimento da nutrição parenteral é um avanço significativo, ajudando muitos pacientes a viver mais e melhor. No entanto, é fundamental saber que, sim, existe uma associação entre o uso de nutrição parenteral e o desenvolvimento de uma condição chamada doença hepática associada à falência intestinal, ou IFALD.
Embora a compreensão sobre como esta doença hepática se desenvolve ainda esteja em evolução, estudos recentes apontam que alguns fatores podem contribuir para essa condição.
Pacientes que são prematuros, que enfrentam infecções frequentes ou sepse podem estar em maior risco. Além disso, os componentes da nutrição parenteral também têm um papel crucial nessa história.
A nutrição parenteral é composta por macronutrientes — como glicose, aminoácidos e lipídios — e micronutrientes, incluindo eletrólitos, vitaminas e oligoelementos. Todos esses componentes podem resultar em lesão hepática, mas o lipídio merece uma atenção especial, pois está diretamente ligado à evolução desta condição no fígado.
Atualmente, temos três tipos principais de emulsões lipídicas usadas na nutrição parenteral:
- TCL/TCM: feita principalmente de soja, rica em ômega 6.
- SMOF: uma mistura de lipídios de soja, oliva, peixe e coco, que busca equilibrar ômega
6 e ômega 3.
- Óleo de peixe: proveniente do peixe, é rico em ômega 3.
É importante saber que o ômega 6 pode ser mais inflamatório, enquanto o ômega 3 é conhecido por suas propriedades protetoras para o fígado. Por isso, o uso de emulsões lipídicas com ômega 3 se tornou uma estratégia valiosa na proteção hepática.
Outro aspecto crucial é a proporção dos macronutrientes na nutrição parenteral. Altas doses de lipídios estão associadas ao desenvolvimento da lesão hepática, e isso representa um desafio. Como o lipídio é a maior fonte de calorias na NP, é um verdadeiro quebra-cabeça equilibrar um aporte calórico adequado enquanto se mantém uma composição que proteja o fígado.
Esse é um dos muitos desafios que as equipes de reabilitação intestinal enfrentam diariamente com os pacientes. A boa notícia é que, com conhecimento e cuidado, é possível minimizar riscos e oferecer um suporte nutricional que priorize a saúde do paciente.
Se você ou alguém próximo está passando por essa situação, saiba que existem profissionais
dedicados a ajudar e que o entendimento sobre esses aspectos é um passo importante para
uma recuperação mais segura e eficaz. Estamos juntos nessa jornada!