O que o paciente com a síndrome do intestino curto pode comer?
A Síndrome do Intestino Curto (SIC) é uma condição na qual uma parte significativa do intestino delgado foi removida ou está disfuncional, resultando na capacidade reduzida de absorver nutrientes essenciais. Gerenciar a dieta é fundamental para pacientes com SIC, pois a nutrição adequada é vital para manter a saúde e a qualidade de vida.
O intestino delgado é responsável pela maior parte da digestão e absorção dos nutrientes. Quando uma porção significativa é removida, o corpo enfrenta dificuldades para absorver proteínas, gorduras, carboidratos, vitaminas e minerais. A extensão da má absorção depende da quantidade e da localização do intestino removido. Desta forma, a dieta para o paciente com a síndrome do intestino curto, deverá levar em considerações fatores como:
- Quantidade e aspecto das evacuações: a presença de muco, sangramento ou aumento na frequência de evacuações podem indicar que determinado alimento não foi bem “tolerado” pelo sistema digestivo
- Quantidade de drenagem em pacientes que possuem “bolsinha” (jejunostomia, ileostomia ou colostomia): perdas aumentadas pelas ostomias podem causar desidratação e distúrbio de eletrólitos
- Sintomas associados com determinados alimentos, como distensão abdominal, cólicas e gases: estes sintomas geralmente estão associados ao processo de fermentação dos alimentos. Quando ocorre uma fermentação exagerada, o balanço entre bactérias “boas” (sim, elas existem!) e bactérias “ruins” do nosso intestino é alterado, causando o supercrescimento bacteriano intestinal, podendo levar a translocação bacteriana e quadros de infecção sistêmica
- Evolução nutricional: não adianta o paciente comer tudo o que quiser e não conseguir apresentar uma boa evolução nutricional. Se o paciente com intestino curto come bastante, mas apresenta muitas perdas intestinais e perda de peso, a alimentação está inadequada e não está trazendo benefício para a saúde dele, pelo contrário, provavelmente está causando uma irritação no intestino que poderá levar ao quadro explicado no item acima
- Anatomia do remanescente intestinal: muito importante que a dieta seja orientada de acordo com a anatomia do remanescente intestinal. Isto significa, por exemplo, que a dieta de uma pessoa que possui uma parte do intestino delgado, mas não possui intestino grosso (cólon), será diferente do paciente que permaneceu com o cólon quase inteiro. O tamanho do remanescente, o tipo de intestino delgado (jejuno ou íleo), a presença de porções do cólon ou ainda a presença ou não de uma ostomia são todos fatores que influenciam muito na escolha do tipo de dieta a ser seguida, tanto em adulto quanto em crianças.
Objetivos da Dieta
Os principais objetivos da dieta para pacientes com SIC são:
– Maximizar a absorção de nutrientes
– Minimizar a perda de fluidos e eletrólitos
– Prevenir deficiências nutricionais
– Manter um estado nutricional adequado
– Oferecer qualidade de vida com integração social junto da família e amigos
A dieta para pacientes com Síndrome do Intestino Curto deve ser totalmente individualizada. A chave é encontrar um equilíbrio que permita a melhor absorção de nutrientes enquanto se mantém confortável e saudável.
O acompanhamento com uma equipe especializada em reabilitação intestinal é fundamental para o tratamento seja bem-sucedido e o paciente obtenha uma ótima qualidade de vida.
Na parte 2 deste artigo, falaremos sobre os tipos de alimentos e estratégias nutricionais. Acompanhe a nossa página!